Polêmicas envolvendo ícones da comunidade empresarial evidenciam a fragilidade dos conselhos de administração no Brasil, mas podem levá-los à esperada profissionalização, estimulando empresas e conselheiros a atacar os verdadeiros problemas
O trágico suicídio do vice-presidente do board da Enron, J. Clifford Baxter, em 2002, abriu uma ferida nos conselhos de administração. Mais até do que colegas que foram presos, isso chamou a atenção do mundo para a irresponsabilidade de conselheiros com os acionistas de empresas.
O trauma chegou ao Brasil, por meio das companhias com ações negociadas nos EUA, mas diluído. Agora, nos últimos 12 meses, dois episódios nos deram nosso próprio trauma: envolvem a organização que é símbolo da brasilidade, a Petrobras, e o empresário que vinha inspirando milhares de jovens com seu empreendedorismo, Eike Batista. Os conselhos da Petrobras e da OGX, de Batista, aprovaram estratégias suspeitas de suas empresas e isso ganhou contornos de escândalo.
Surgiu a dúvida: os conselheiros teriam sido ingênuos, negligentes ou cúmplices? E o que seria pior? O maior interesse de investidores em participar do capital das empresas brasileiras, abertas e fechadas, aumentou a temperatura desses casos.